(1993) Radiohead – Pablo Honey (Japanese Version)
Track list:
1. “You” – 3:29
2. “Creep” – 3:56
3. “How Do You?” – 2:12
4. “Stop Whispering” – 5:26
5. “Thinking About You” – 2:41
6. “Anyone Can Play Guitar” – 3:38
7. “Ripcord” – 3:10
8. “Vegetable” – 3:13
9. “Prove Yourself” – 2:25
10. “I Can’t” – 4:13
11. “Lurgee” – 3:08
12. “Blow Out” – 4:40
13. “Pop Is Dead” [Japan bonus track] – 2:12
14. “Inside My Head” [Japan bonus track] – 3:11
15. “Million Dollar Question” [Japan bonus track] – 3:17
16. “Creep” (live) [Japan bonus track] – 4:05
17. “Ripcord” (live) [Japan bonus track] – 3:13
PABLO HONEY
Exatos dez anos são a diferença entre Pablo Honey, o primeiro álbum do Radiohead, e Hail to the Thief. A maneira mais imparcial de se analisar o disco de estréia é esquecer de que se trata de Radiohead.
Explico: é inegável que o Radiohead de hoje é muito superior a Pablo Honey, afinal, volto a dizer, passaram-se dez anos e estamos falando de uma banda que inova e se supera a cada trabalho. Contudo, é igualmente inegável que inúmeras bandinhas da atualidade dariam tudo para fazer um álbum como aquele.
O que pode parecer ultrapassado - levando-se em conta o que o Radiohead significa HOJE, é bom frisar - na época em que foi lançado já dava mostras do que viria a ser aquela promissora combinação de talentos de Oxford.
A força de Pablo Honey e principal responsável pelo Radiohead ter se destacado numa época em que ótimas bandas brotavam dos mais inóspitos lugares do mundo - estamos em pleno grunge de Seattle e no ressurgimento do britpop - reside nas letras. O Radiohead é freqüentemente rotulado de depressivo, quando, justiça ainda que tardia seja feita, o que faz é mesclar suas letras com lirismo e ironia em dosagens equivalentes.
Esse "algo mais", a fórmula de encaixar palavras que Thom Yorke guarda a sete chaves, já era onipresente em Pablo Honey. Só por isso o álbum já vale muito a pena. A "ausência" que algumas pessoas podem sentir vem das experimentações que a banda faria em seus trabalhos futuros. Pablo Honey soa cru, ingênuo até, mas estão ali algumas evidências do fenômeno Radiohead, que começava a ser semeado.
Muito se enganam os reducionistas que se referem a Pablo Honey como "aquele disco do Radiohead que tem ‘Creep’" como se essa música fosse a única coisa interessante a ser ouvida.
Vale lembrar que, por conta disso, reza a lenda que Thom Yorke ficou apavorado com as proporções do sucesso alcançadas por "Creep", já que ela não foi um estrondo restrito ao Reino Unido. Engolida pela movimentação que acontecia na época nos Estados Unidos, a canção foi erroneamente eleita o hino britânico do grunge. Assim, pairavam no ar as suspeitas de que o Radiohead seria apenas mais uma banda de uma música só, ou seja, que tudo o que tinham para mostrar reduzia-se à "Creep".
O tempo provou exatamente o contrário, mas se esse ainda for o seu caso, caro internauta, ainda dá tempo de se redimir. Pablo Honey tem outras preciosidades que merecem uma audição atenta.
"You" - as guitarras estão lá, a concisão e a harmonia também.
"Stop Whispering" - poderia ter sido facilmente outro grande sucesso na seqüência de "Creep": refrão grudento, Thom Yorke em vocais inspirados, letra idem.
"Anyone can play guitar" - note a ironia típica do Radiohead pondo as manguinhas de fora. Distorções bem-vindas.
"Vegetable" - emocionada, densa, mais um indicativo dos caminhos que o Radiohead viria percorrer.
"I can´t" - saca só o encaixe das palavras que falei ali em cima:
Please forget the words that I just blurted out
It wasn't me it was a strange and creeping doubt
It keeps rattling my cage
There's nothing in this world will keep it down
Totalmente poderosa.
Tem também "Prove Yourself", "Blow out", "How do you?", "Thinking about you"...
Pablo Honey é item indispensável em qualquer boa discoteca. Se não pela qualidade (que o próprio Radiohead acabou superando nos álbuns seguintes), pelo "simples" fato de ter iniciado a carreira de uma das bandas que mais tratam a arte como matéria-prima.
5/5
Luciana Maria Sanches
9/6/2003, Omolete
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